furacão catarina

Impressões e notícias da época sobre o maior evento meteorológico ocorrido em 2004 no sul do Brasil: Furacão Catarina – Registro histórico

Saudações a todos que acompanham o site, muito obrigado pela audiência, vou continuar a escrever sobre os assuntos que estão mais evidentes, sempre com o objetivo de ampliar as informações para que as pessoas possam ter base para melhorar seu conhecimento.

Após 21 anos completados agora dia 27 e 28 de março, quando tivemos a passagem de um fenômeno meteorológico raro aqui na parte sul do hemisfério. Ainda mais raro aqui no nosso litoral sul do Brasil. Em geral temos a passagem de muitos ciclones na nossa costa, estes ciclones são formados a partir da diferença de massas de ar frias e quentes que criam estas regiões com ventos circulares, sempre no sentido horário e sempre com um centro de baixa pressão. Na sequência temos as diferenças entre estes fenômenos para exemplificar os termos técnicos.

Ciclones extratropicais, subtropicais e tropicais, furacões

Sempre existe esta dúvida, vamos acompanhar abaixo as informações detalhadas.

Aqui está um resumo explicando as diferenças entre ciclones extratropicais, subtropicais e tropicais, além de como eles se diferenciam de um furacão:

Tipos de Ciclones e suas Características

1. Ciclone Extratropical

🔹 Formação: Ocorre em latitudes médias e altas, geralmente entre 30° e 60° de latitude, sendo alimentado pelo contraste de massas de ar quente e frio.
🔹 Estrutura: Possui um sistema frontal bem definido, com frentes frias e quentes associadas.
🔹 Energia: Depende da diferença de temperatura entre massas de ar e da circulação atmosférica da corrente de jato.
🔹 Exemplo: Frentes frias comuns no Brasil, sistemas de baixa pressão no Atlântico Sul.

2. Ciclone Subtropical

🔹 Formação: Se origina em latitudes intermediárias (entre 20° e 40° de latitude), onde há uma transição entre os processos extratropicais e tropicais.
🔹 Estrutura: Apresenta características híbridas, podendo ter um núcleo parcialmente quente (como os ciclones tropicais), mas ainda manter alguma assimetria na sua organização.
🔹 Energia: Inicialmente é alimentado pelo contraste térmico (como os extratropicais), mas pode adquirir características tropicais e se fortalecer com o calor da água.
🔹 Exemplo: O ciclone subtropical “Ubá”, que se formou no Atlântico Sul em 2021.

3. Ciclone Tropical (Furacão, Tufão ou Tufão)

🔹 Formação: Ocorre em regiões tropicais (entre 5° e 30° de latitude) sobre oceanos quentes (temperatura da superfície acima de 26°C).
🔹 Estrutura: Possui um núcleo quente, simétrico, com convecção intensa ao redor de um “olho” bem definido.
🔹 Energia: Alimentado pelo calor latente da evaporação da água do mar, sem interação com frentes frias.
🔹 Exemplo: Furacão Katrina (2005) no Golfo do México.

E a Diferença entre Ciclone e Furacão?

🌪 Furacão é um tipo específico de ciclone tropical que atinge ventos acima de 119 km/h.
🌍 O nome varia conforme a região:

  • No Atlântico Norte e Pacífico Leste → Furacão
  • No Pacífico Oeste → Tufão
  • No Oceano Índico e Austrália → Ciclone Tropical

O Furacão Catarina (2004) foi controverso porque se formou em uma região onde não se esperava um ciclone tropical, tornando-se um caso raro de furacão no Atlântico Sul.

Notícias sobre o furacão Catarina da época

Em março de 2004, o sul do Brasil testemunhou um evento meteorológico sem precedentes: o Furacão Catarina. Este fenômeno desafiou as concepções meteorológicas vigentes, pois, até então, acreditava-se que furacões não ocorriam no Atlântico Sul devido às condições climáticas desfavoráveis para sua formação. A imagem abaixo foi captada pela estação internacional espacial que estava passando pelo hemisério sul no momento que o furacão estava para atingir nossos balneários do sul catarinense e norte do RS.

A imagem mostra a grande espiral das nuvens, indicando o vento no sentido horário com um “olho” em uma região central de baixa pressão. Este olho do furacão bem definido mostra a potência deste fenômeno raro que atingiu nosso sul do Brasil naquele ano. Se vocês aumentarem um pouco a imagem, na parte de cima a direita conseguimos ver a costa do sul catarinense, sem as nuvens, esta imagem deixo aqui para registro para a posteridade.

O Furacão Catarina (2004) atingiu sua intensidade máxima com os seguintes dados estimados:

  • Menor pressão no olho: 972 hPa
  • Vento máximo sustentado: 180 km/h (com rajadas superiores, possivelmente acima de 200 km/h)

Esses valores foram estimados com base em análises de satélite e modelos meteorológicos, pois não havia instrumentos de medição direta na região do olho do furacão.

Formação e Desenvolvimento

O Catarina originou-se de um ciclone extratropical que, sob condições atmosféricas atípicas, evoluiu para um ciclone tropical. Em 28 de março de 2004, atingiu a costa entre os municípios de Passo de Torres e Balneário Gaivota, em Santa Catarina, com ventos sustentados de aproximadamente 180 km/h, equivalente a um furacão de categoria 2 na escala Saffir-Simpson. As consequências foram devastadoras: 11 mortes, cerca de 250 mil pessoas afetadas e danos materiais significativos.

Análise Internacional

A comunidade meteorológica internacional acompanhou o fenômeno com grande interesse. O Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC) monitorou o Catarina e, em 25 de março de 2004, o meteorologista Jack Beven identificou a formação do sistema e alertou os cientistas brasileiros sobre a iminência do fenômeno. Beven enfatizou a importância de um planejamento prévio para a gestão de crises, ressaltando que “a melhor época para planejar alguma coisa não é quando ela acontece. Essa é a hora de executar”.

A NASA também reconheceu o Catarina como um furacão. A pesquisadora Robbie Hood, conhecida como uma “caçadora de furacões”, afirmou que, com base em imagens e medições via satélite, classificou o Catarina como um furacão, embora de intensidade fraca. Ela destacou que, ao atingir a costa, a tempestade poderia ter perdido força e se caracterizado como um ciclone, mas que os meteorologistas brasileiros estariam em melhor posição para avaliar essa questão.

Debate Científico

A ocorrência do Catarina suscitou debates sobre possíveis mudanças climáticas irreversíveis. Cientistas questionaram se o aquecimento global estaria tornando os extremos climáticos mais frequentes. Embora não se possa afirmar conclusivamente que o Catarina foi resultado direto das mudanças climáticas, o evento serviu como um alerta para a necessidade de maior compreensão dos fenômenos meteorológicos e de preparação para eventos extremos.

Impacto Regional

Municípios no sul de Santa Catarina foram severamente afetados. Em Balneário Arroio do Silva, por exemplo, registraram-se ventos de até 180 km/h, resultando em destruição de edificações, queda de árvores e interrupção de serviços essenciais. Observações locais indicaram rajadas de vento de aproximadamente 120 km/h por volta da 1h da madrugada de 28 de março, seguidas por uma calmaria súbita com a passagem do “olho” do furacão, e posteriormente ventos mais intensos às 2h48, causando danos severos na região.

Lições Aprendidas

O Furacão Catarina evidenciou a necessidade de aprimorar os sistemas de monitoramento e resposta a desastres naturais no Brasil. Desde então, investimentos significativos foram realizados para equipar a Defesa Civil e melhorar a previsão e o acompanhamento de fenômenos meteorológicos extremos, visando proteger a população e minimizar danos futuros. A criação de um centro de gerenciamento de crise, nos moldes de um “Centro Brasileiro de Furacões”, foi proposta por especialistas internacionais para fortalecer a capacidade de resposta do país a eventos semelhantes.

Relembrar o Furacão Catarina é fundamental para compreender a vulnerabilidade da região a eventos climáticos extremos e reforçar a importância da preparação e resiliência diante de tais fenômenos.

Comparação de danos entre furacões dos EUA e o Catarina

Os EUA tem uma grande experiência no monitoramento e prevenção de de desastres provocados por furacões. Segue uma tabela comparativa do furacão Catarina e os furacões Katrina e Andrew,

Segue uma comparação dos principais impactos dos furacões Catarina (2004), Katrina (2005) e Andrew (1992):

ImpactoFuracão Catarina (2004)Furacão Katrina (2005)Furacão Andrew (1992)
Mortes111.83665
Feridos518624Dados não disponíveis
Casas destruídas1.500Dados específicos não disponíveis; danos generalizados em residênciasMais de 63.500
Casas danificadas36.000Dados específicos não disponíveis; danos generalizados em residênciasMais de 124.000
Prejuízo financeiroAproximadamente US$ 430 milhõesEstimado em US$ 125 bilhõesAproximadamente US$ 27,3 bilhões

Observa-se que o Furacão Katrina teve o maior impacto em termos de perdas humanas e danos materiais, seguido pelo Furacão Andrew. O Furacão Catarina, embora significativo para o Brasil, teve impactos menores em comparação aos outros dois.

Referências:

  • Beven, Jack (2004). “Analysis of Hurricane Catarina”. National Hurricane Center.
  • Hood, Robbie (2004). NASA Hurricane Research Division.
  • INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
  • NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration.
  • Defesa Civil de Santa Catarina.
  • Reportagens da época: G1, Folha de S.Paulo, e Zero Hora.

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